quinta-feira, 3 de abril de 2014

"Feminismo pra quê?" #Eunãomereçoserestuprada

A polêmica pesquisa do IPEA repercutiu pelas esferas sociais: que grande espetáculo! É como se a estatística apresentada já não fosse provada a cada observação apurada dos estigmas sociais. Essa polêmica foi criada devido a falta de debate. A causa que parece pouco importante, já está há muito tempo ocupando os holofotes de quem sofre diariamente com o abuso verbal, psicológico e físico (de ambos os gêneros). A preocupação exacerbada não é de agora: faz parte de um processo civíl que há muito, vem sendo subjugado por questões "mais alarmantes". A questão mais argumentada não diz respeito a gêneros, mas sim a sociedade. Não se choque com as verdades ditas, não se abale com os depoimentos, não é como se você já não tivesse visto, é?  A pretensão de se assumir como mulher livre não tem nada de novo ou futurístico, é a própria atualidade tomando seu contexto. O preconceito injetável nas veias sociais faz parte da falta de visão daqueles que não se permitem ver ou escutar, mas se limitam a julgar, vitimar e culpar. 


O problema com a polêmica é que ela é sempre mistificada. Sua real presença está inserida no debate que nunca ocorreu. Isso porque a sociedade se calou junto com suas vítimas, a comunidade não soube ( e muitas vezes não quis) apontar a falha do seu sistema nervoso. Talvez isso nunca tenha acontecido com você, mas é por isso que não se deve lutar? O uso de roupas curtas ou consideradas indecentes não responsabiliza a mulher pela violência, tal como o abuso não é justificado pela “natureza selvagem” do homem. Isso porque essa tal natureza selvagem está intrínseca a um outro tipo de humano: o humano primordial que não sobrevivia muito mais do que seus 40 anos, que só se alimentava daquilo que adquiria da caça ou plantação. Então, é esse o tipo de humano de que estamos falando?

A sociedade do estupro se manifesta mais uma vez a cada comentário hipócrita sobre as atuais manifestações sobre a campanha. Essa tal falação que não permite redirecionar a verdadeira razão dos acontecimentos, o comprometimento ineficaz da população que apenas acredita em números transmitidos pela grande mídia. Então quer dizer que só os números são confiáveis? Porque não se confiou nas denúncias dos abusos do metrô? As denúncias do "revenge porn"? Porque não se ouviu a menina que ateou fogo a si mesma? Ou porque não se lembrou da realidade jurídica? A problematização do assunto aparece quando é preciso provar algo para que possa ser discutido. O genocídio sem fim das mentes de mulheres que por gerações foram ensinadas a sentir-se culpadas. Essa falta de merecimento generalizado que culpa a todo mundo, e ao mesmo tempo não culpa ninguém.


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